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Bem vindos ao humilde palácio literário desta humilde autora, que pode não ser imortal, mas tem a mania de renascer das cinzas de vez em quando. Fique a vontade para entrar em qualquer cômodo ou em qualquer texto, por favor só não alimente os monstros dos armários.

sábado, 22 de setembro de 2012

Memento Mori

Estou de luto
sem haikai hoje.


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Boa noite. 

Bom, meu não-haikai resumiu tudo. 

Ou quase né?

Bom, minha avó morreu esse fim de semana. Ela já estava bem doente e tal. Bem doente mesmo. Mas mesmo assim, foi bem doloroso. 

Então não achei muito certo ficar falando de coisas aleatórias hoje. 

Meu título já indica isso: "Memento Mori" é uma das poucas coisas que conheço em latim e quer dizer 'Lembre-se da morte'. 

Hoje o tema é morte. 

Fiz três poemas pra isso. Eu ainda não tinha superado de vez meu bloqueio de escritora, estava no meio do processo de desentupir as válvulas bloqueadas, mas ainda assim fui pega de calça curta. Por isso os poemas não estão tão bons assim. Um deles está HORRÍVEL.

Mas dessa vez não vou me importar muito com isso. 

Memento Mori - eu me lembro dos mortos. 

Vou postar esses poemas sem intervalo comercial entre um e outro. No final, um bônus track: um poema sobre meu avô que morreu faz uns anos já, mas hoje é dia de lembrar dos mortos. 

Desculpa pra quem acha o tema chato ou que veio procurando outra coisa no bloguinho, mas é só o que tenho hoje. 

Obrigada a Flávia e ao Erik, que curtiram o link do facebook e a todos que viram o blog semana passada. 

Agora, os poemas. 

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Partida Eterna

O quanto seus olhos viram da vida? 
Como precisar tal complexa medida?
Como fazer jus a lágrima contida?
E como amaciar a minha alma sofrida?

Seus olhos embotados pelo tempo
Ainda brilhantes no rosto da velhice.  
Tinha o sorriso da sombra do vento
Mesmo em minhas incontáveis tolices.  

Parte em tão triste primavera
Que as flores hão de chorar por você
Junto com a chuva fria noturna. 

Em tão fria manhã tristeza impera,
A dor de nunca mais te ver,
Tormento extremo a minha alma soturna. 

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Lágrimas do Velório

Velas e flores não me parecem certo,
Mesmo perto a seu caixão aberto,
Pois era teu espírito ainda cheio de vida,
Mesmo que fosse a tua alma envelhecida. 

Mas o tempo cobra de todos um fim
Por mais que isso doa demais em mim. 
Restam as lágrimas do velório somente
E a sua falta em meu coração carente. 

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Visita a sua lápide

A morte não lhe é boa companheira
Mesmo que tivesse a velhice nos ombros,
Mas é sina humana ter alma passageira
E deixar pra trás os doridos escombros. 

Jás agora, trancada sob a terra
Em caixinha de música quebrada. 
Não lhe há mais dor ou sofrimento ou guerra
E só me resta tumba recém cavada. 

Anjos de pedra não lhe são bons amigos:
Frios, mortos, calados e agourentos. 
Queria que pudesse ficar mais tempo comigo. 
Não ter lhe dado adeus é meu sofrimento. 

Mas que você não pense nisso mais. 
Fica com Deus e descanse em paz. 

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Esses foram os para minha avó que morreu recentemente. Agora o bônus, o poema para meu avô que morreu uns anos atrás. 

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Vovô Fausto

Primeira neta sua eu sou. 
Sua favorita sempre (o porque, não sei). 
E você, meu cantor vovô,
Canções que até hoje não cansei. 

Usava muletas por causa da artrite,
E da bisa aprendeu tupi. 
O sorriso um estranha felicidade emite
Ao cantar sobre a Marinha que nunca vi. 

Mas hoje as muletas estão encostadas
E as canções só por mim são cantadas
Em um triste solo do início ao fim. 

Sei que a morte uma hora o levaria de mim. 
Mas hoje, anos depois, tenho os versos saudosos 
Para você vovô, que adoro neste tom amoroso. 

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Não são meus melhores trabalhos, mas mereciam serem postados hoje mesmo assim. 

Tchau. 

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