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Bem vindos ao humilde palácio literário desta humilde autora, que pode não ser imortal, mas tem a mania de renascer das cinzas de vez em quando. Fique a vontade para entrar em qualquer cômodo ou em qualquer texto, por favor só não alimente os monstros dos armários.

sábado, 8 de setembro de 2012

Brasil que te pariu


Um feliz dia
Do aniversário de nossa
Pátria Porcaria. 

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Bon soir, mes amis

Como prometido, eis me aqui, no dia da pátria, pra falar algumas coisinhas, alguns miúdos pensamentos meus, para vocês. 

Bom, hoje é sete de setembro, independência do Brasil e blá-blá-blá. 

190 anos de idade, um adolescente, acho que quase uma debutante. 

190 anos e não sei por onde começar minhas críticas.

Parece que tá tudo errado nessa joça! 

Nessa hora você, Policarpo Quaresma, se levanta e grita 'Não é verdade Zoe! Somos o país mais fantástico do mundo!'

Sinceramente, discordo em gênero, número e grau. 

Mãs voltemos a questão inicial, por onde começar as críticas?

Pensei em tantas coisas pra falar nessa última semana e agora na hora H, no dia D, estou pior que soldado de primeira viagem invadindo a Normandia. 

Por onde...? Por onde...? Por onde...?

Bom, resolvo começar por onde eu estou me acostumando começar: Olimpíadas. 

SIM! Elas mesmas! Mais uma vez mais. 

Não exatamente as olimpíadas. As Para Olimpíadas. Sabiam que estamos em 8º no quadro de medalhas? Acho que o Jornal Nacional faz um ou outro comentário sobre isso. E tem o boletim depois do programa do Jô. 

Só essas titiquinhas de detalhes. 

E já ganhamos mais medalhas do que nas Olimpíadas normais. 33 nas Para contra 17 nas normais. E só temos essas titiquinhas de comentários nas Para contra uma cobertura enorme e completa da Band nas Normais. Meio injusto. 

Aliás, MUITO injusto. 

Porque, porra, o povo deficiente consegue MUITO mais medalhas e é deixado em segundo plano? Que PORRA é essa? Deveria ser até mais divulgado E valorizado do que aquelas medalhinhas de merda dos atletas não deficientes! Heróis nacionais que vencem TUDO até as próprias deficiências e conseguem uma consagração aos olhos de todo mundo! Que porra é essa?!

Sério: que porra é essa?

Que raio de país é esse que prefere glorificar um merdinha feito Neymar e só fazer um comentáriozinho rápido no Jornal Nacional sobre Daniel Dias, que já ganhou 5 medalhas de ouro na natação para olímpica e pode até ganhar mais duas amanhã?

Nosso heróis vivos são esquecidos frente a artistas sem talento. Dá mais público. 

O Brasil não tem povo. Tem público!

Não lembro quem disse isso, mas é verdade. 

Se não fosse, por que raios estaríamos comemorando uma data em que um nobre português pegou um país inteiro para ser brinquedo pessoal dele? Por que glorificaríamos um cara que estava com diarréia e não lavou a mão quando assinou a certidão de nascimento do país? Por que exaltaríamos a passagem do poder de nosso país de uma elite corrupta para outra?

Se não fossemos público, não comemoraríamos. 

Mas somos público. Público das nossas elites. O joquete dos poderosos. 

Eu gosto de posições em rankings, é só ver meu fanatismo pelos quadro de medalhas. No ranking mundial, somos a 6ª maior economia do mundo. Infelizmente não encontrei nenhum lugar que tivesse um ranking do índice GINI, que mede a desigualdade. Mas encontrei, em um site da BBC, os dados do GINI do país em 2011. 53,9 pontos no índice GINI. Quanto mais perto do 100, mais desigual. Apenas sete nações apresentam distribuição pior do que a do Brasil, segundo dados da ONU: Colômbia, Bolívia, Honduras, África do Sul, Angola, Haiti e Comoros.

Estamos sendo comparados ao Haiti e somos a 6ª, SEXTA, maior economia do mundo. 

Somos um país rico, desigualíssimo (inventei essa palavra agora, mas vocês entenderam) e com um povo-público. 

Repito: joquete dos poderosos. 

País rico que assiste todo seu dinheiro ir para as mãos de poucos ou para as mãos de estrangeiros. 

Re-repito: joquete dos poderosos. 

Não temos heróis decentes e somos manipulados pelas elites que brincam com nós. Isso se vê nessa glorificação desse dia em que um nobre cagão, um símbolo que agrada à elite, pagou uma fortuna para um paíszinho de nada e que não teria como lutar contra nós para podermos então dizer 'Não devemos nada a ninguém!'. Só esqueceram de falar dos banqueiros ingleses, dos americanos, do FMI...

Um público que mal tem onde cair morto, mas que tá feliz porque o Brasil tá crescendo e 'agora a gente chega lá!'. Um público que está feliz com a vinda da copa e das olimpíadas, mas se esquece de ver que suas casas estão sendo destruídas. 

Um americano do povo enche a boca e diz 'EU'. Um europeu enche a boca e diz 'NÓS'. Um brasileiro enche a boca e diz 'Tem churrasco, leva a cerveja'. Os americanos lutam pelos direitos individuais de cada um; os europeus, pelos coletivos; os brasileiros fazem carnaval. Sinceramente, preferiria não ter sofrido o acidente de ter nascido brasileira. Não queria porque mal tenho direito e os que tenho são ocultos do grande público!

Não temos heróis que prestem, somos manipulados pela elite (e que nos exploram à exaustão) e não conseguimos manter direitos. Nada disso interessa aos poderosos e não lutamos por isso. Como se isso não fosse importante!

Que país é esse?

Nem eu, nem Renato Russo sabemos responder. Há algum tempo ele fez a todos essa pergunta e ainda não temos uma resposta. 

Mas todos acreditam no futuro da nação!

É o Brazil fuking way of life

Mas já passou minha indignação (mentira) porque ano que vem tem carnaval (ironia, ODEIO carnaval)

Se você discorda, sinta-se a vontade para defender essa joça de país lá em baixo nos comentários. Podemos debater calmamente o.o sério Policarpo xD eu não mordo. 

Enfim, feliz dia da inutilidade brasileira! A única vantagem dele é o feriado. 

Ponto. 

Acabou. 

Agradecimentos a Tamy, ao Montandon e ao Fernando Rocha por curtirem o link no face. (perdoem a secura nos agradecimento. Gastei todo meu verbo nesse comentário de hoje).

E agora, explicar meu título. 

'Brasil que te pariu' é uma poesia de 2 anos atrás, antes que eu tivesse motivos para criticar o Brasil. Hoje tenho motivos, mas continuo amando esse poema. Fala mais do que penso do povo do Brasil, da mentalidade dele mais exatamente: ainda temos uma mentalidade de puta. 

Mãs vou deixar esse poema pra depois. Primeiro vou comentar uma música do Chico (Buarque) que eu acho que não poderia estar mais contemporânea. 

Com vocês: o comentário.

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Vai passar 
Nessa avenida um samba 
popular 

Cada paralelepípedo 
Da velha cidade 
Essa noite vai 
Se arrepiar

Isso indica que vamos falar do povo, de todos, do Brasil como um todo. Nem as pedras das cidades antigas serão deixados de fora

Ao lembrar 
Que aqui passaram 
sambas imortais 
Que aqui sangraram pelos 
nossos pés 
Que aqui sambaram 
nossos ancestrais 

Sintam a ironia: ao lembrar. Lemba, o povo, dos sambas imortais, as farras, as festas, mas se lembra mesmo do sangue que escorreu dos períodos fora dos carnavais, dos ancestrais? Penso que todos param de ouvir o que vem a seguir assim que aparece a palavra 'carnaval'.

Num tempo 
Página infeliz da nossa história 
Passagem desbotada na memória 
Das nossas novas gerações 

Passagem atual da nossa história. Já esquecida pelas mentes esquecidas da nossa nova geração. Pararam de ouvir quando apareceu a palavra carnaval. 

Dormia 
A nossa pátria mãe tão distraída 
Sem perceber que era subtraída 
Em tenebrosas transações 

O povo é roubado. O povo se rouba. O povo rouba de seus ladrões. A pátria não percebe que ela mesma se extirpa de seus direitos e se deixa extirpar de seus direitos. A pátria se deixa corromper em tenebrosas corruptas transações. Está ocupada demais no carnaval. 

Seus filhos 
Erravam cegos pelo continente 
Levavam pedras feito penitentes 
Erguendo estranhas catedrais 

A pátria, o povo, não percebe que se rouba e que ela se deixa explorar. Carrega os fardos que não são deles as vezes, em eterna penitência, e constrói catedrais falsas e superfarturadas. Ou você vai dizer que os estádios da copa não é uma catedral falsa e superfaturada?

E um dia, afinal 
Tinham direito a uma alegria fugaz 
Uma ofegante epidemia 
Que se chamava carnaval 
O carnaval, o carnaval 
(Vai passar) 

Porque, claro, um carnaval justifica tudo! Mesmo se roubar, mesmo ser roubado, mesmo construir um estádio inútil. 

Palmas pra ala dos barões famintos 
O bloco dos napoleões retintos 
E os pigmeus do bulevar 

Nosso povo tem capacidade de Napoleões, de Einstens, de Mahatma Gandhi, de qualquer outro gênio. Mas nosso povo está mais preocupado em ser o próximo Neymar, em fazer sucesso no pagode, em desfilar no carnaval. Palmas! Palmas para o povo brasileiro! (isso foi uma ironia)

Meu Deus, vem olhar 
Vem ver de perto uma cidade a cantar 
A evolução da liberdade 
Até o dia clarear!

Meu Deus! Vem acudir! Vem ver de perto esse povo cego que é preso a sua pobreza de mente, que fica feliz ao ser explorado se ainda tiver o carnaval! Acode, meu Deus! Acode! Acode!

Ai, que vida boa, olerê 
Ai, que vida boa, olará 
O estandarte do sanatório geral vai passar 

QUE VIDA BOA! Sintam a ironia que pinga e respinga da frase!

Ai, que vida boa, olerê 
Ai, que vida boa, olará 
O estandarte do sanatório geral 

Ele ainda repete! Sintam a ironia! Sintam! Como uma vida iludida dessas pode ser boa!

Vai passar 

Vai passar essa mentalidade Chico? Ela vai mesmo sumir um dia?

Sei não. 

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Não foi meu melhor comentário, eu sei, mas eu acho que se encaixa como uma luva pro país até hoje. 

Bom, vou me despedir aqui, antes do meu poema, porque eu não quero explicar o quanto foi difícil, mas gratificante, fazer uma rima pobre com a palavra 'boquete'. Gosto desse poema. Digam o que gostam nos comentários!

Beijos e fui!

Au Revoir o/

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Brasil que te pariu

Desde a conquista, meu país já é entregue. 
Bela nação mestiça, desde moça já prostituída,
Já não há devassidão a que se negue. 
Vendendo e dando suas riquezas coloridas. 

Portugal a desvirginou com força bruta. 
A se vender, aprendeu e pintou o sete. 
Do Império Britânico já foi uma das putas,
E aos Estados Unidos não nega um boquete.

Hipócrita, ri de quem tem doença venérea
Quando sua gonorréia já é crônica
E expressa em seu povo, em sua miséria. 

Uma pátria de esquina, muito cômica,
Vestida de Verde, Amarelo, Branco e Anil,
Este é o meu país, este é o meu Brasil!

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