Benvenuto

Bem vindos ao humilde palácio literário desta humilde autora, que pode não ser imortal, mas tem a mania de renascer das cinzas de vez em quando. Fique a vontade para entrar em qualquer cômodo ou em qualquer texto, por favor só não alimente os monstros dos armários.

sábado, 24 de março de 2012

Coração Cigano

Bon soir mons amis

Como prometido, mando notícias da terra do nunca o/

E estou praticamente trabalhando a base de pó mágico aqui x.x meu iPod teve um acidente e depois sofreu nas minhas mãos por causa da minha burrice X________x primeiro ele caiu na panela com água, aí eu entrei em pânico e... bom... tentei abrir pra secar... Aí eu... Erm... vou usar o termo politicamente correto, ferrei com a tela çç

O touch tá funcionando perfeitamente, as imagens é que não chegam por inteiro, só consigo ver um pedaço de cima da tela. O suficiente para escolher a música e saber onde eu estou clicando, mas não o suficiente para postar de lá.

MAS EU FIZ UMA PROMESA!!!
E assim como eu estou tentando o meu melhor para manter meu ritmo forte e constante de estudos e estou indo religiosamente na academia eu VOU postar nessa bagaça com freqüência!!!

Promessas de ano novo.

Como estou postando aqui? Bom... Digamos que minha irmã sabe ser magnânima de vez em quando e que eu entendo o suficiente de eletrônicos (sem contar minha burrice na hora de acudir meu iPod, claro) para conseguir fazer as postagens do conforto do lar.

Falando nisso, net de celular é uma droga! Como tem gente que vive só com aquilo? Eu estou a menos de uma semana só com ela e já quase joguei meu cel na parede umas 3 vezes ú.ú

Enfim, obrigada a todos (Luli, Tamy, Tati, Diogo, Camille e tia Mira) que curtiram (e alguns que comentaram) meu link no Facebook, ao Montandon (nem dá pra olhar seu link agora çç e vê se da proxima vez comenta aqui no blog xD) e a El Papagaio (pra falar bem a verdade, crônicas eu não tenho muito o costume de fazer, mas olhe! (estou apontando pra baixo agora) um poema xD). E as pessoas que pelo menos olharam o blog <3 é bem animador ver o gráfico de visualizações do blogspot se movendo *-* Bom, essa semana pra mim foi bem complicada se querem saber x.x teve o problema do iPod, várias coisinhas para fazer e etc que simplesmente destroçaram minha inspiração. E quem diz que literatura é 99% transpiração e só 1% de inspiração nunca conseguiu escrever nada interessante, isso eu garanto. Não que seja 99% inspiração e 1% transpiração, claro que não, mas inspiração conta com pelo menos uns 45%. Ainda tenho de suar mais, com certeza, mas com esses 45% o esforço se torna divertido. Por que estou falando tudo isso? É que só tenho poemas antigos para vos apresentar hoje. Por um lado é bom porque já deu tempo dele maturar no meu caderno e ele ganhar meu selo de qualidade, por outro me sinto roubando porque ele já tava prontinho ._. mas fazer o quê? C'est la vie! O meu poema mais recente e o único que eu fiz em 2 semanas tá tão depressivo que acho que passaria vergonha se eu o pusesse aqui.

Aí depois de uma seleção apurada de alguns (só os melhores) dos do ano passado escolhi este que eu cá vos trago.
Como vários dos meus poemas, esse foi inspirado em música, porque, afinal de contas, poesia é uma filha da prosa com a música, e por isso uma pode levar à outra, e a outra à uma, e etc e tal.

A música em questão é "Gypsy" da Shakira. Não é música intelectual, eu sei, mas o ser humano não foi feito para ser intelectual o tempo todo, muito menos os poetas e poetisas. Além do mas, eu gosto de músicas pop e afins. Não desmereça algo só porque é popular, nem aceite cegamente por ser popular!

Meu deus, já falei demais.

AO POEMA! /O/

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Coração Cigano

Despreendida, Coração Partido não tenho.
Talvez apenas com algumas cicatrizes
Que me lembram da onde venho.
Lembram que são do vento as minhas raízes.

Coração decidido, mas inconstante,
Que roda numa batida o sonhar,
Que é um doce delírio errante
E que não anda, pois prefere voar.

Coração de sinos de ouro e panos,
Que não faz acordos com ninguém
E que sumirá na lua que vem.

Esse é meu Coração Cigano,
Pecados virtuosos no vento a voar,
Procurando lugar e alguém para amar

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TA-DAN! \O/
Que acharam? XD
Viajante? xD
Nem tanto.
Estou sendo poéticamente egocêntrica e falando de mim mesma de maneira bonita.
E se quer saber, esse poema foi o escolhido dentre poemas de amor, reflexão e etc que também estão MUITO bons (modéstia à parte).
Não sei vocês, mas o tema dos ciganos sempre me pareceu exótico, místico, misterioso e terrivelmente atraente. Pode até ser romantização minha (provavelmente é), mas que eu penso assim, eu penso. Tenho uma personagem cigana, mas não tenho uma história para ela ainda. Futuramente, quem sabe ela não dá as caras por aqui? xD

Au revoir o/

sábado, 17 de março de 2012

The Time Travellers Tale

Longo e tenebroso inverno é pouco dessa vez o.o
Me sinto como o Martin em "De Volta Para o Futuro" voltando para esse bloguinho depois dessa eternidade afastada (por vários motivos: escola, estudo, vestibular, o Castelinho de Palavras, problemas pessoais... Etc)
Tem quase 2 anos que não ponho os pés (metaforicamente falando) aqui.
E fico mais do que feliz em ver que enquanto eu estava em outro castelo (que está se desmanchando eu acho), deixaram alguns recadinhos pra mim.

Merci! Merci! Merci!
Merci mons amis!


Agradecimentos aos comentários de Boderline(desculpa a distância o.o minha vida tava bem virada ano passado) e de El Papagaio(pode chamar de Zoe sim, e espero que você veja esse novo post, mesmo não sendo uma poesia) em especial (foram os dois comentários de 2011). 

A partir de agora, promessa de ano novo (que eu só começo a cumprir em março, pra você ver como eu sou firme em minhas resoluções (ironia)), vou tentar postar alguma coisa toda semana. Não garanto que serão contos sempre (tô sem meu pc e digitando via iPod na net do shopping, um verdadeiro inferno se quer saber), mas nem que seja um poema velho eu postarey!!! \O/

Outras promessas pra este bloguito são a mudança de layout (cansei daquele marasmo de praia que estava antes) e a colocação de um contador (pra ver se tem algum tráfego aqui afinal de contas)

E que maneira melhor de reinalgurar esta bagaça do que com quem eu inaugurei da última vez? XD oficialmente, eu comecei com um conto da Jane e do Julien, então vou fazer isso de novo xD e não é qualquer conto. Continuando com minha metáfora de viajem no tempo, nada melhor do que os por como dois viajantes no tempo xD os dois ainda são os mesmos, mas Julien não é mais um vamp, nem Jane é uma feiticeira. Eles são cientista! E o resto não conto pra não estragar a surpresa xD

Segundo minha melhor amiga, esse meu conto está muito adolecentezinho e eu, infelizmente, assino em baixo. Em minha defesa, digo primeiro que nem todo mundo pode ser Machado de Assis, apesar de eu me esforçar, e dizer que esse é só um aperitivo. Jane e Jul sabem se comportar como adultos (eu acho).
Espero que gostem mesmo assim =) tem algumas referências à serie britânica "Doctor Who", que eu fiquei viciada essas férias, mas eu vou por as devidas explicações ao final do conto.

Sem mais delongas, subam a bordo do meu carro do tempo, meu DeLorean(De volta para o futuro amigos) ou dentro da minha TARDIS (A nave do Doc Who xD) e VAMOS NESSA!!! \O/
(ah, e só me perdoem os palavrões o.o foi força de expressão)


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The Time Travellers Tale

 

O galo cantou às cinco da manhã como tinha de ser e tudo começou no colégio St. Aidan de Lisdisfarne como tinha de ser. Os alunos ainda dormiam, como tinha de ser, mas os funcionários já estavam levantando para arrumar tudo para os discentes e docente, como tinha de ser.

Uma merda na minha opinião.

Mas, é claro, quem vai querer a opinião de uma reles empregada em 1892?

É uma porra ser uma empregada em 1892.

Aliás, é uma porra ser uma empregada em qualquer época.

Mas mesmo assim, assim que aquele galo maldito cantou, eu dei um pulo da cama. Precisava ser rápida.

Me lavei e me arrumei em menos de 10 minutos, muito mais rápida que as outras funcionárias, que o faziam em 15. Então corri para recolher o leite do leiteiro, os jornais com o jornaleiro e as verduras com o verdureiro, além de alguns doces especiais na padaria na vila a meia milha da escola. Nem me perguntem como eu conseguia carregar tudo aquilo ao mesmo tempo, nem eu sei.

Me atrasei um pouco por causa do jornaleiro, aquele moleque filho da puta, e quase comecei a praguejar MUITO por causa disso (não sou conhecida por ser exatamente uma dama, como já devem ter notado), mas segurei a língua. Qualquer erro, qualquer falha na conduta me faria perder o emprego, e eu NÃO PODIA perder aquele emprego.

Corri o caminho de volta para recuperar o tempo perdido. Não podia ficar desperdiçando tempo.

Tempo, tempo, tempo! Eu o odeio!

Enfim, corri para a cozinha com os itens da vila, entreguei o leite e as verduras para a cozinheira, senhora Watts, os jornais para o mordomo, senhor Taylor, e fui preparar o chá. Eu realmente não entendo essa nossa tara de britânicos com o chá. Quer dizer, tá, eu tecnicamente nasci na Inglaterra, mas depois de ter de fazer chá para um batalhão inteiro nesse colégio eu começo a questionar essa nossa mania estranha. ENFIM! Eu fiz no ponto certo e o tipo certo para cada professor e para todos os alunos e pus nos bules corretos. Já mencionei que errar não está permitido se eu quiser ficar aqui? Depois peguei uma bandeja com 2 bules, 8 xícaras azuis e café da manhã como de costume e levei aos quartos 317 e 319, os quartos a que fui designada esta semana. 

Assim que entrei no quarto 317, o pior da escola se quer saber, ouvi os garotos, entre 14 e 16 anos, daquele quarto trocarem um risinho.

- Está atrasada serviçal! – Thomas Sullivan, um loiro até que bonito, mas completamente imbecil e escroto, falou, mesmo com eu tendo chegado até mesmo mais cedo.

Sabe, o pior desse emprego não é eu ter de fazer tarefas domésticas dos outros nem nada.

É ter de aturar merdinhas como Tommy Sully se achando superiores só porque eu trabalho aqui e ainda ter de pedir desculpas por isso.

Engoli três respostas grosseiras, quatro palavrões e 2 bofetadas que eu queria dar para ele e pus o bule e as xícaras sobre a cômoda com mais força que o necessário. 

- Perdão, senhor. Tentarei chegar mais cedo amanhã.

Ele e os outros riram.

- Mas, serviçal, eu quero uma compensação agora. – ele sorriu sacana, se levantando da cama e mostrando que estava com os documentos para fora.

E antes que você pergunte, não, eu não faço esse tipo de coisa. Eu posso aturar MUITA COISA por causa desse emprego maldito, mas ISSO NÃO.

Ergui uma sobrancelha. Aquilo eu não podia deixar de responder.

- Eu não faço esse tipo de coisa. Peça para sua irmã na próxima visita dela. – os outros três rapazes ficaram pálidos e boquiabertos. Tommy ficou lívido.

- Com quem você acha que está falando, serviçal!? ME OBEDEÇA!

Revirei os olhos.

- Me dirijo a um aluno, senhor. E receio que vou ter de desacatar sua ordem, a não ser que prefira que eu reporte seu desejo libidinoso ao diretor. – eu sorri triunfante enquanto ele se calava de raiva, orgulhosa por eu conseguir usar tantas palavras elegantes para me vingar daquele fedelho tarado. Se tinha uma coisa que Sully temia era a ira do diretor, que não tolerava qualquer tipo de comportamento sexual por qualquer aluno dentro do colégio ou na vila (pessoalmente, eu acho que o diretor era gay e queria que todo mundo ficasse tão frustrado sexualmente quanto ele, mas enfim, ninguém quer a opinião de uma empregada em 1892) – Agora, com sua licença senhor.

E saí do quarto 317 para o 319 com a bandeja e um sorriso satisfeito.

Assim que entrei, tive reações bem diferentes. Dois garotos me sorriram polidamente, deram bom dia e continuaram seus afazeres; um me encarou com cara de sono; e o quarto (um garoto fofo chamado Alex de 12 anos) corou até a raiz do cabelo castanho (acho que ele tem uma quedinha por mim. Coitado).

Saí desse quarto apressada. O grande relógio acabara de badalar 7 horas, o que significava que eu só tinha 15 minutos para minha tarefa final, recolher parte da roupa suja e levar para a lavanderia que ficava há uns 20 metros da casa.

Tempo de sobra, mas estava apressada mesmo assim. Tempo não desperdiçar eu podia, como diria mestre Yoda.

Fiz tudo em menos de 10 minutos, o que queria dizer que às 7:15 da manhã eu já estava na cozinha esquentando a água para o café do ÚNICO professor que bebia café em todo colégio (e se duvidar, a única pessoa que o fazia em toda Grã-Bretanha em 1892).

A governanta, a autoridade máxima de todas as funcionárias, parou de pegar no pé das outras empregadas e me encarou com cara feia.

- SENHORITA RAVEN! – ela falava (ou melhor, rugia) comigo – Que diabos você está fazendo?!

Rangi os dentes. Ela era outra pessoa que eu não podia retrucar, por mais que quisesse. Ela tinha o poder de me demitir instantaneamente. Eu seria ejetada desse colégio infernal mais rápido se respondesse a ela do que se espancasse Tom Sully com um bastão de basebal.

Respirei fundo.

- Café para o professor LeBeau, senhora.

- Já terminou suas outras tarefas senhoritinha?

Eu ODEIO quando ela me chama de senhoritinha. Vaca velha e escrota.

- Sim senhora. Peguei o leite, as verduras e os jornais, entreguei os dois primeiros para a senhora Watts, o segundo para o senhor Taylor, fiz o chá, levei as bandejas com o desjejum para os quartos 317 e 319, peguei as roupas dos quartos do terceiro andar e levei para a lavanderia. – quase sorri quando ela franziu a testa, desgostosa por eu ter feito tudo (a governanta, senhorita Smith falando nisso, era uma dessas vadias que só ficam satisfeitas quando alguém comete um erro, só para ela poder punir a pessoa).

- Muito bem. – ela se virou, muito irritada por não poder ralhar comigo por ter esquecido alguma coisa – Você tem o privilégio hoje de servir o professor LeBeau o desjejum, mas APENAS o desjejum.

Senhorita Smith me lançou um olhar penetrante, porém muito claro: “Encoste no professor mais que o necessário por qualquer motivo e eu terei o prazer de te ver pelas costas por conduta sexual inapropriada”.

Eu nem corei diante daquele olhar por dois motivos.

Primeiro porque aquilo acontecia TODO SANTO DIA, então já estava mais do que acostumada àquela virgem mal comida me olhando feio por eu ser mais bonita, mais sexy, mais elegante e mais ousada que ela. (Não estou me achando. É que ela é tão feia, mas TÃO feia, que nem se ela pagasse iria conseguir sexo. Sério. Até um pedaço de madeira é mais bonito, sexy, elegante e ousado que ela).

Segundo porque ele não se lembrava de mim.

Eu assenti.

- Sim senhora.

Com um último olhar venenoso ela se virou e foi procurar outra vítima para sofrer do mau humor crônico dela.

Confesso que eu trapaceava nesse momento e usava um termômetro para conseguir a temperatura ideal do café (66°C coisa que não se tinha o MENOR conhecimento à época, mas eu me perdoava o anacronismo) e pegava os doces que comprara hoje mais cedo. Colocava tudo bem arrumado na melhor bandeja da casa.

Se Julien REALMENTE me visse agora, ele iria achar graça. Talvez até risse de mim, porque normalmente eu jamais iria levar o café da manhã para ele assim com tanto esmero.

As coisas mudaram tanto que, por mais clichê que possa parecer, me dói no fundo da alma.

Grace, uma das camareiras, moça muito simpática e gentil, chegara da lavanderia com a roupa limpa e sorriu para mim.

- Já levando o café para o professor LeBeau, Anna Marie? – ela me perguntou.

Eu sorri.

- Alguém tem de acordá-lo, não é?

Ela devolveu o sorriso enquanto separava as roupas.

- Quem diria que uma garota provinciana como você, Anna Marie Raven, fosse se interessar por um sapinho acadêmico feito o professor Remy LeBeau.

De todos os momentos do dia, aquele foi o mais difícil de controlar toda minha frustração e tristeza.

Porque meu nome não é Anna Marie Raven.

Meu nome é Jane Eleanor Borgie e eu nasci em 2001.

Você leu certo, 2001.

Nasci em 2001 em 17 de maio em Londres, Inglaterra como Jane Eleanor Potter, morei na Grã-Bretanha boa parte da vida e me casei com Julien Borgie em 03 de julho de 2023.

Tenho 26 anos agora, sendo que os dois últimos foram passados dentro de uma máquina Espaço-Temporal. Eu e Julien, de brincadeira, batizamos a nave de TARDIS apesar dela não ser uma caixa azul da polícia nem permitir que possamos ir a outros planetas ou nos faça entender outras línguas. Temos... ou, melhor dizendo, tínhamos que nos virar com nosso inglês (minha língua mãe), francês (a língua original de Julien), latim(Julien estudo em um colégio católico que ensinava latim), alemão (que eu falava porque passei uma temporada na Áustria e Alemanha), espanhol (que Julien apenas arranhava MUITO de leve) e mandarim (que eu ainda estava aprendendo aos trancos e barrancos). Parece muito, mas considerando a diversidade lingüística e as variantes históricas, não é nada. Tanto é que apanhamos um bocado para conseguir nos comunicar o suficiente para ir assistir o Romeu e Julieta original em 1595 mesmo que ambos falássemos inglês contemporâneo perfeitamente.

Não sou Anna Marie Raven e eu ODEIO Remy LeBeau.

Mas me controlei.

Me controlei e sorri de volta para Grace.

- Surpresa, surpresa. – disse imitando um tom maroto, apesar de me sentir uma droga.

Grace riu e eu saí com a bandeja antes que ela pudesse falar qualquer outra coisa que me fizesse desabar chorando ali no meio da cozinha.

Os professores ficam alojados no quarto e último andar, e o professor Remy LeBeau residia no quarto 420, que tinha uma vista magnífica para os campos ao redor da escola.

Bati com força na porta.

Como todo santo dia, ninguém respondeu e eu fui entrando.

- Bom dia professor LeBeau. - falei em voz alta colocando a bandeja sobre a cômoda.

Era um quarto simples, um quarto de acadêmico. As 4 paredes tinham estantes cheias de livros e havia uma escrivaninha abarrotada de papeis diante da janela. Havia roupas sujas por todo cômodo misturada com folhas de papel meio amareladas, penas e canetas-tinteiro, além de outros itens, como pedaços de ossos de animais e amostras de plantas secas. Na parede oposta a porta ficava a cama; e na oposta a escrivaninha, uma lareira. O banheiro era à parte, no corredor, instalado muito posteriormente a construção do prédio.

Odiava aquele quarto por ser EXATAMENTE o tipo de quarto que Julien odiaria.

Professor LeBeau apenas grunhiu e se virou na cama.

Revirei os olhos e caminhei até a janela e abri as cortinas de uma só vez.

- MON DIEU, FEMME! – ele praticamente gritou de um jeito nada digno e se sentou – Você definitivement é cria de Le diable! – LeBeau resmungou coçando a cabeça, misturando inglês e francês por causa do sono.

Não me incomodei e peguei e entreguei o robe para ele por sobre o pijama. Francamente, não tem NADA de erótico naquele pijama, mas naquela época era um escândalo que eu o visse daquele jeito.

- Bom dia professor LeBeau. – repeti – Está um dia lindo lá fora e já são sete e meia, senhor.

Ele assentiu e pôs o robe, se levantou e caminhou até a janela.

- Ensolarado... – balançou a cabeça – Um dia horrível.

Eu estava colocando café na xícara e quase derramei ao ouvir isso.

Julien amava dias de sol.

LeBeau continuou.

- Sabe, eu sonhei com você essa noite.

Servi a xícara, que ele pegou e começou a beber sentado na cama.

- É mesmo senhor?

- Sim, com você.

- Sobre o que senhor? – perguntei desinteressada enquanto arrumava o quarto.

- Sonhei que éramos um casal de viajantes que podia se mover no tempo e no espaço.

Não pude me segurar.

Deixei cair tudo que estava segurando (um monte de livros do chão) e me voltei para encará-lo.

Diferente do meu Julien, que teria notado meu vacilo na hora, LeBeau continuou bebendo seu café distraidamente. Parou de repente olhando pela janela, e então riu.

- Mas que coisa absurda! Sonhos são realmente Absurdos!

Balancei a cabeça para me segurar e não tentar esganá-lo ali naquele momento e voltei a juntar os livros.

- É um belo sonho senhor, apesar de pouco decente. Onde já se viu? A camareira e o professor? – disse baixinho, apenas para não ficar calada muito tempo.

Não era sonho, idiota, muito menos indecente.

Essa era a nossa realidade até três meses atrás.

LeBeau suspirou.

- Belo, mas apenas um sonho, Anna Marie.

Pus todos os livros que consegui juntar em uma estante qualquer.

- É claro professor LeBeau.

- Anna... – não havia percebido, mas ele se aproximara de mim pelas costas. Não estava perto demais para ser incômodo, mas estava perto o suficiente para deixar claro a vontade dele de me tocar – Quantas vezes vou ter de te pedir para me chamar de Remy quando estivermos sós?

E ele tocou de leve nas costas da minha mão.

Não pude suportar e estapeei a palma dele.

- Professor! O que o diretor pensaria dessa sua atitude?! Aliás, o que você diz disso!? Ou me diz que já esqueceu da sua querida Belladonna?

É golpe baixo falar para um viúvo que está te cantando sobre a esposa morta, mas desde quando eu sou moça de jogar limpo?

A jogada deu certo momentaneamente. LeBeau recuou levemente, como se estivesse surpreso com as próprias ações. Porém logo voltou ao ponto onde estava, me olhando suplicantemente e fixamente.

- Belladonna está morta agora, Anna Marie! E tenho certeza que ela iria querer que eu fosse feliz! E eu só vou ser com você Anna!

Eu me afastei.

A beira das lágrimas.

Sério.

Eu ODEIO esse cara.

ODEIO! ODEIO! ODEIO!

Mas eu segurei de novo.

Na frente dele não.

O encarei. Todo meu ódio devia estar bem evidente no meu olhar porque ele recuou.

- Mas eu JAMAIS serei feliz ao seu lado, Remy LeBeau.

Meu Julien teria ficado irritado, insistido, contestado, brigado, e no fim teria me beijado, mesmo que fosse para tomar um tapa na cara. “Pelo menos roubei um beijo seu, ma belle” ele diria, e com isso faria que eu tivesse uma leve taquicardia. 

Mas aquele não era meu Julien.

LeBeau se afastou surpreso.

Me afastei e caminhei com passos fortes até a porta.

Porém não fui rápida o suficiente.

- Não vou desistir de você. – LeBeau disse confiante.

Virei a cabeça para encará-lo com tristeza.

- Qual o meu nome do meio?

Eu sempre fazia aquela pergunta quando ele começava com aquele papo meloso que eu odiava vindo dele.

Ele sempre errava.

LeBeau pensou e suspirou.

- Não é Marie, você já disse. Mas o que isso importa!?

Balancei a cabeça.

- Tudo.

E saí, a beira das lágrimas.

Não liguei para nada, nem para minhas tarefas de agora (felizmente poderia recuperar esse tempo perdido depois), nem para os alunos e funcionários que me viram correndo.

Corri até o porão, um lugar grande e cheio de tranqueiras que ninguém visita.

O lugar perfeito para esconder uma nave viajante do tempo um pouco maior que uma van (aquele porão é bem maior, acredite).

Fui até lá e entrei dentro da nave.

Me sentei com as costas na porta metálica e me deixei desabar.

Aquela situação doía demais.

Doía porque, por mais que eu não gostasse de Remy LeBeau, que eu odiasse, isso não mudava a verdade.

A verdade que Remy LeBeau e meu marido, Julien Borgie, são a mesma pessoa.

Dois anos atrás, eu e Julien começamos a viajar pelo tempo e espaço como bem queríamos. Ele cuidava dos nossos movimentos pelo tempo, eu cuidava dos nossos movimentos pelos espaço.

Dois anos atrás foi quando os agentes do tempo começaram a nos caçar.

Eles nunca dizem de quando são ou porque nos caçam. Nós nunca interferíamos em nenhum evento histórico! Nunca mudávamos nada no tempo! Gostávamos apenas de assistir ao mundo em seus momentos interessantes. Mas mesmo sem fazer nada, os agentes nos caçavam, querendo ou nos matar ou nos levar prisioneiros. Só pode ser por alguma coisa que ainda iríamos fazer, mas isso é ridículo! Como eles podem achar que é certo punir alguém antes mesmo dessa pessoa fazer algo errado?!

Quatro meses atrás, eu e Julien tínhamos acabado de voltar de Roma. Tínhamos ido ver uma luta no Coliseu original, aquele em Roma, no dia da inauguração nos melhores lugares da casa. Era um espetáculo bárbaro, mas, acredite, cativante. Íamos em direção à última batalha de Napoleão em WaterLoo, quando eles nos encontraram.

Julien pilotou habilmente por entre as linhas do tempo, tentando despistar nossos perseguidores. Porém eu não sei como, mas um deles se teletransportou para dentro da nossa nave e nos atacou.

Começamos a cair na linha do tempo.

Julien, em um último esforço para tentar me salvar, pulou fora da nave com o agente.

Se não se pula para fora de um carro quando esse está em movimento, a lógica é a mesma para naves espaço-temporais.

Caímos em janeiro de 1892 separados.

Me custou um mês inteiro para encontrar Julien de novo, e quando eu consigo, ele já não é mais o mesmo.

Agora ele é esse maldito Remy LeBeau.

Tenho certeza de que é ele porque ele ainda carrega a chave da nave como pingente de uma corrente. Tem a forma parecida com um floco de neve com engrenagens. É inconfundível.

Fora a própria aparência, voz, cheiro...

Ele é meu Julien.

Ele não é um professorzinho do século 19 e nunca foi casado com nenhuma francesa Belladonna, aliás, nenhum deles jamais existiu! Ele é um cientista brilhante do século 21 e ainda é casado comigo, Jane, a rosbiff como ele me chamava.

Eu não sabia como fazer para ele se lembrar, porque ele não lembra de porra nenhuma.

E o pior é que não posso me afastar demais porque os agentes do tempo podem aparecer. Nem posso voltar para meu tempo para pesquisar algo para ajudar. Eu só sei mover espacialmente assim como Julien só pode se mover temporalmente. Estou presa aqui com o amor da minha vida que nem lembra de mim.

De que adianta que ele tenha se apaixonado de novo comigo? Aquele Remy LeBeau não tem NADA haver com o meu Julien Borgie. Por mais irônico que nossos nomes falsos sejam (são namorados em uma série em quadrinhos qualquer), ele não é o meu Julien.

E isso me parte o coração.

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Admito, esse final ficou uma droga o.o
E mais uma vez peço desculpas pelos palavrões o.o força de expressão.
AS EXPLICAÇÕES!!!
A caixa azul da polícia é como a máquina do tempo do Doctor Who se parece =D o nome da máquina é TARDIS (é uma sigla que eu não lembro o que significa de cabeça) digitando 'tardis' no Google imagens mostra direto =) eu colocaria aqui mãs iPod é uma droga. A TARDIS é capaz de voar no espaço, viajar no tempo e espaço e de traduzir todo e qualquer idioma diretamente na cabeça das pessoas além de ter BEM MAIS ESPAÇO no interior xD
Os personagens em quadrinhos a que Jane se referem são do Xmen original (e por original eu excluo os filmes viajantes da série). São o Gambit e a Vampira. Minha idéia não era uma metáfora de que um não pode tocar no outro, como é nos quadrinhos, é só porque até hoje eu adoro o Gambit xD ele é meu favorito desde os 6/7 anos e foi minha primeira referência a língua francesa. Eu TINHA e incluí-lo em alguma obra minha (e provavelmente ainda vou incluir outras vezes).
Esse é só um conto aperitivo, mas não sei se vou ter tempo e inspiração para continuar. Cruzem os dedos xD
Eu realmente tenho de ir agora xD
Boa noite a qualquer eventual leitor e até fim de semana que vem =)
Au revoir!